O líder parlamentar do PSD/Açores afirmou ontem que a criação da remuneração compensatória para 3700 funcionários públicos é a “antítese” da defesa da Autonomia, alegando que a medida coloca “açorianos contra açorianos”. “Colocar açorianos contra açorianos, como decorre do desajeitado artigo sétimo [do Orçamento] que o governo regional engendrou, é justamente a antítese da defesa da Autonomia”, disse António Marinho, na Assembleia Legislativa dos Açores, no debate em que foi discutido o veto do Representante da República ao Orçamento para 2011. O líder da bancada social-democrata salientou que a remuneração compensatória é uma medida “profundamente injusta”, dado que abrange “apenas cerca de 3700 trabalhadores da administração regional, deixando de fora os trabalhadores de outros níveis da administração pública e os trabalhadores açorianos em geral”. O presidente do grupo parlamentar do PSD/Açores realçou que as críticas ao presidente do governo regional a propósito da medida “não constituem qualquer ataque à Autonomia”, alegando que “assentam apenas na sua injustiça e Carlos César, obviamente, não se confunde com Autonomia”. “Não se trata mesmo de uma questão de Autonomia. Trata-se, apenas, da injustiça de uma medida. Injustiça que perdurará enquanto a medida se mantiver”, frisou. António Marinho sublinhou que o presidente do governo regional, com as diversas afirmações que fez sobre a remuneração compensatória, “deu demasiadas oportunidades aos centralistas”, dado que “abriu alas a muitas desconfianças de Lisboa”. “[Carlos César] atraiu críticas à Autonomia e prestou um péssimo serviço aos Açores”, afirmou. O líder da bancada social-democrata reafirmou que o PSD/Açores “não cede à instrumentalização da Autonomia e dos seus órgãos”, referindo que o partido “não admite que sejam prejudicados os Açores e os açorianos, pela subjugação dos valores da Autonomia a meros exercícios de afirmação pessoal”. António Marinho considerou que o presidente do governo regional “utilizou os interesses autonómicos numa luta partidária e pessoal”, abrindo um “caminho perigosíssimo” para que os centralistas “possam começar a questionar muitas das conquistas alcançadas no plano autonómico desde 1976”. “O património autonómico, que tanto custou a construir, não pode ficar à mercê de projetos ou interesses de uma pessoa ou de um grupo de pessoas”, disse.