

Uma equipa de Investigadores do Instituto de Investigação em Vulcanologia e Avaliação de Riscos (IVAR) da Universidade dos Açores lideraram o primeiro estudo detalhado sobre as emissões difusas de dióxido de carbono (CO₂) e metano (CH₄) nas lagoas do Capitão e do Caiado, situadas na ilha do Pico.
Segundo o IVAR, as medições, realizadas ao longo de várias campanhas de amostragem em diversas estações do ano, revelaram que, embora ambos estejam inseridos num contexto vulcânico, as emissões têm origem maioritariamente através de processos biológicos, e não de origem de profundidade, influenciados quer pela temperatura da água (processo de estratificação térmica), quer pela atividade microbiana e o estado trófico destes sistemas lacustres.
Assim, o estudo identificou padrões sazonais em que no verão, a Lagoa do Caiado registou um aumento significativo nas emissões de CO₂, possivelmente devido à oxidação do CH4, enquanto a Lagoa do Capitão apresentou uma redução, associada à estratificação térmica que retém o gás nas camadas mais profundas.
No inverno, as emissões de metano aumentaram até dez vezes na Lagoa do Capitão, devido à mistura completa da coluna de água, permitindo desta forma que o gás se liberte antes de ser oxidado. Assim, o CO₂ é o gás dominante, com fluxos muito superiores aos de CH₄, mas este último, apesar de menos abundante, tem um impacto climático 27 vezes superior ao do CO₂.
O estudo reforça ainda para a importância de se continuar a monitorizar este tipo de sistemas lacustres, não só para compreender o seu papel no ciclo global do carbono e prever a sua evolução perante as alterações climáticas, mas também para apoiar a gestão ambiental em regiões vulcânicas como é o caso dos Açores.
IVAR/RP